in Henry e June - Diário Intimo de Anaïs Nin
quinta-feira, novembro 30, 2006
Sabes que ainda mal olhei para ti?
Há ainda demasiada santidade presa a ti.
Não sei como te dizer o que sinto.
Vivo numa expectativa perpétua.
Tu vens e o tempo desliza num sonho.
É só quando te vais embora
que me apercebo completamente da tua presença.
E depois é demasiadamente tarde.
in Henry e June - Diário Intimo de Anaïs Nin
sábado, novembro 25, 2006
sexta-feira, novembro 24, 2006
quinta-feira, novembro 23, 2006
Não queiras saber de mim
Porque eu estou que não me entendo
Dança tu que eu fico assim
Hoje não me recomendo
Mas tu pões esse vestido
E voas até ao topo
E fumas do meu cigarro
E bebes do meu copo
Mas nem isso faz sentido
Só agrava o meu estado
Quanto mais brilha a tua luz
Mais eu fico apagado
Amanhã eu sei já passa
Mas agora estou assim
Hoje perdi toda a graça
Não queiras saber de mim...
Porque eu estou que não me entendo
Dança tu que eu fico assim
Hoje não me recomendo
Mas tu pões esse vestido
E voas até ao topo
E fumas do meu cigarro
E bebes do meu copo
Mas nem isso faz sentido
Só agrava o meu estado
Quanto mais brilha a tua luz
Mais eu fico apagado
Amanhã eu sei já passa
Mas agora estou assim
Hoje perdi toda a graça
Não queiras saber de mim...
Rui Veloso
sexta-feira, novembro 17, 2006
Vertigens

É natural que quem quer "elevar-se" sempre mais, um dia, acabe por ter vertigens. O que são vertigens? Medo de cair? Mas então porque é que temos vertigens num miradoiro protegido com um parapeito? As vertigens não são o medo de cair.
É a voz do vazio por debaixo de nós que nos enfeitiça e atrai, o desejo de cair do qual, logo a seguir, nos protegemos com pavor. Poderia dizer que ter vertigens é embriagarmo-nos com a nossa própria fraqueza. Temos consciência da nossa fraqueza, mas, em vez de resistir-lhe, queremos abandonar-nos a ela, queremos ficar ainda mais fracos, cair por terra em plena rua à frente de toda a gente, ficar por terra, ainda mais abaixo do que a terra.
Milan Kundera in A Insustentável Leveza do Ser
quinta-feira, novembro 16, 2006
quinta-feira, novembro 09, 2006

Chovia. Olhaste-me como se eu fosse única. Parecias deslumbrado com a minha presença. O meu olhar. Fixavas-me com esse teu geito paternal como se a minha expressão se distinguisse vincadamente de toda aquela paisagem triste e cinzenta de Inverno.
Chovia. Agarraste-me como se eu fosse única. Parecias tentado com a minha presença. O meu corpo. Tocavas-me com esse teu geito terno como se o meu cabelo, o meu rosto, a minha pele estivessem em risco de desvanecer.
Chovia. Beijaste-me como se eu fosse única. Parecias inebriado com a minha presença. O meu perfume. Assaltavas-me com esse teu geito sedutor como se a minha língua te devolvesse a respiração.
Chovia. As nossas roupas molhadas e gélidas prendiam-nos de forma lasciva. Eu era Tua e Tu foste meu. E naquela entrega húmida e quente de sedução voámos juntos pelo calor da Paixão.
sexta-feira, novembro 03, 2006

(...)
A lua se curva em arco Num delírio de luxúria. O gozo aumenta de súbito Em frêmitos que perduram A lua vira o outro quarto E fica de frente, nua. O orgasmo desce do espaço Desfeito em estrelas e nuvens Nos ventos do mar perpassa Um salso cheiro de lua E a lua, no êxtase, cresce Se dilata e alteia e estua O poeta se deixa em prece Ante a beleza da lua. Depois a lua adormece E míngua e se apazigua... O poeta desaparece Envolto em cantos e plumas Enquanto a noite enlouquece No seu claustro de ciúme.
Vinícius de Morais, O poeta e a lua
A lua se curva em arco Num delírio de luxúria. O gozo aumenta de súbito Em frêmitos que perduram A lua vira o outro quarto E fica de frente, nua. O orgasmo desce do espaço Desfeito em estrelas e nuvens Nos ventos do mar perpassa Um salso cheiro de lua E a lua, no êxtase, cresce Se dilata e alteia e estua O poeta se deixa em prece Ante a beleza da lua. Depois a lua adormece E míngua e se apazigua... O poeta desaparece Envolto em cantos e plumas Enquanto a noite enlouquece No seu claustro de ciúme.
Vinícius de Morais, O poeta e a lua